Uma das principais suspeitas das autoridades da República Democrática do Congo (RDC) sobre a causa do surto de uma doença desconhecida que já deixou dezenas de mortos é a de envenenamento de água, disse o chefe de emergências da Organização Mundial da Saúde ( OMS), Mike Ryan, durante uma coletiva de imprensa.

— Com base na sintomatologia do início (da doença) até a morte, parece e se assemelha muito mais a um evento do tipo tóxico, seja de uma perspectiva biológica, como uma meningite, ou de uma exposição química. E há indicações das autoridades (da RDC) de que há um nível muito forte de suspeita de um evento de envenenamento relacionado a uma fonte de água. Isso está sendo investigado — afirmou Ryan.

Segundo o último boletim semanal sobre surtos e emergências do escritório regional para a África da OMS, divulgado no domingo, desde o início de janeiro já foram registrados 1.365 casos e 67 mortes ligadas ao surto.

A doença acomete duas vilas da província de Équateur, no Noroeste do país. Cerca de metade dos óbitos ocorreu em até 48 horas do início dos sintomas. As queixas relatadas envolvem febre, calafrios, dores de cabeça, dores musculares, dores abdominais, diarreia, sudorese, tontura, falta de ar, agitação entre outras.

Na segunda-feira, a OMS também emitiu um comunicado em que classificou o risco nas comunidades afetadas como moderado, e baixo em âmbito nacional e global. No alerta, reforçou que “a causa definitiva permanece indeterminada”, mas também citou que meningite e intoxicação estão sendo consideradas como as principais suspeitas, em cenário agravado pela alta carga de malária.

“Os diferenciais atuais incluem um grupo de meningite bacteriana de início rápido ou uma contaminação por envenenamento químico como hipóteses principais em um contexto de alta incidência de outras doenças infecciosas comuns nas áreas, principalmente a malária”, disse a organização.

Os testes conduzidos até agora descartaram os vírus Ebola e Marburg, patógenos semelhantes e altamente letais que causam surtos esporádicos no continente africano, como possíveis causas. Entre 571 amostras analisadas, 54,1% testaram positivo para malária, indicando o papel da doença no agravamento dos casos. Mais testes estão em andamento. (Foto: Fabrice Coffrini / AFP). 

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